Entre Raízes e Horizontes: A Jornada de Coragem de uma Mulher Brasileira

Um Olhar Sobre a Migração Feminina e os Preconceitos da Própria Cultura

🦜🦋 Migrar é uma decisão repleta de sonhos, esperança e a vontade de construir um novo futuro. No entanto, para muitas mulheres brasileiras que decidem deixar o país, essa escolha também carrega um peso inesperado: o preconceito vindo de suas próprias comunidades e amigos. No Brasil, muitas de nós recebemos um rótulo específico – nos chamam de "Alice". Para alguns, é apenas uma piada; para outros, uma crítica ácida. Mas para quem trilhou esse caminho, "Alice" passou a ter um significado muito mais profundo.

Quem é, afinal, "Alice"?

Ser chamada de "Alice" vem da ideia de que vivemos em um mundo de fantasia, um tipo de 🦋🫎 País das Maravilhas, onde acreditamos que tudo será melhor em outro lugar. Para aqueles que ficaram no Brasil, a migração muitas vezes é vista como uma fuga ilusória, uma tentativa ingênua de escapar das dificuldades que eles enfrentam diariamente. "Alice" é a mulher que sonha, que parte em busca de algo melhor, mas que, aos olhos dos outros, vive numa ilusão.

🦋✨ "O problema nunca foi sonhar. O problema sempre foi o julgamento daqueles que têm medo de mudar." ✨🦋

O Peso da Escolha e a Falta de Apoio

Quando decidi me mudar para a Noruega, minha escolha foi movida pela esperança e pelo desejo de construir minha familía um novo futuro. Mas antes mesmo de fazer as malas, senti o peso do julgamento – não apenas de desconhecidos, mas também das pessoas mais próximas. Até minha própria mãe questionou minha decisão.

Era como se a maioria acreditasse que eu estava louca e que, ao tomar esse caminho, estivesse traindo aqueles que ficaram para trás. Em vez de apoio, recebi olhares de reprovação e silêncio, como se estivesse completamente sozinha na minha escolha.

A Solidão de Escolher um Novo Caminho

Não há palavras que descrevam a solidão de tomar uma decisão tão transformadora sem ter o suporte de quem amamos. Senti-me "sozinha pra caramba", cercada por olhares críticos e pela ausência de um ombro amigo.

Os desafios da vida no exterior – o divórcio, as gestações difíceis, as adversidades diárias – se tornaram fardos que carreguei sozinha. Aprendi rápido que, se compartilhasse minhas dificuldades, tudo o que ouviria em resposta seria um eco de "Eu avisei."

🦜💭 "Muitas vezes, o silêncio de quem esperávamos apoio dói mais do que qualquer palavra dura." 💭🦜

O Mito do Sonho Perfeito

Para quem ficou no Brasil, a minha vida no exterior precisava ser um sucesso absoluto. Se eu mostrasse qualquer fragilidade, seria uma prova de que cometi um erro ao sair. Um único desabafo sobre dificuldades era suficiente para que me dissessem que eu estava arrependida.

De repente, eu não era apenas "Alice" – era a "mais tola das Alices", a mulher que deveria ter sabido melhor do que trocar o conhecido pelo desconhecido.

🦋🛤 "Ser forte não é nunca sofrer. Ser forte é continuar caminhando, mesmo quando todos esperam que você desista." 🛤🦋

A Condenação da Comunidade Religiosa

Talvez o julgamento mais doloroso tenha vindo do ambiente religioso em que pertencia. Em vez de acolhimento e compreensão, fui tratada como alguém que precisava ser punida por ter seguido o coração. A igreja, que deveria ser um lugar de refúgio, se tornou um espaço de isolamento. Fui vista como a mulher que falhou, que abandonou sua fé ao buscar um novo começo.

A Verdade Sobre a Migração

O que muitos não veem é que migrar não é viver um conto de fadas. É trabalho duro, é adaptação, é um eterno equilíbrio entre duas culturas. Criamos novos laços, mas nunca deixamos de sentir saudade do que ficou para trás.

Muitas de nós precisamos começar do zero, encontrar nossa voz em um novo idioma, reconstruir nossa identidade em um lugar onde somos sempre vistas como estrangeiras. E tudo isso sem a segurança de um apoio incondicional.

🦜💡 "Migrar não é fugir. É enfrentar um mundo novo sem garantias, mas com a coragem de quem se recusa a viver apenas no 'e se'." 💡🦜

Encontrando Força na Dor

Foi um caminho solitário, mas essa experiência me ensinou a verdadeira força – não porque eu queria ser forte, mas porque eu não tinha outra escolha.

Ser chamada de "Alice" nunca foi sobre ilusão. Sempre foi sobre coragem.

Redefinindo "Alice"

Quero ressignificar esse nome. "Alice" não é uma mulher ingênua e sonhadora que foge da realidade. "Alice" é aquela que tem a coragem de atravessar fronteiras, de desafiar expectativas, de buscar algo maior.

Não devemos mais aceitar esse rótulo como algo negativo. "Alice" é curiosidade. "Alice" é resiliência. "Alice" é transformação.

🦋💫 "Se seguir os sonhos é viver num mundo de fantasia, então que sejamos todas Alices – porque só quem sonha é capaz de mudar o mundo." 💫🦋

Para Todas as "Alices" por Aí

Se você já se sentiu julgada por seguir seu próprio caminho, se já lhe disseram que você estava vivendo uma ilusão, saiba que você não está sozinha.

Carreguemos esse nome com orgulho. Se ser "Alice" significa ter coragem para recomeçar, então que sejamos muitas. Não estamos perdidas em um País das Maravilhas. Estamos construindo nossas próprias histórias – com lágrimas, com desafios, com força e com um amor infinito pela vida que escolhemos viver.

🦋🦜 Lembre-se: a verdadeira força nasce no silêncio do auto respeito. 🫎🦋